quinta-feira, 10 de julho de 2014

Carrossel


Preso o cavalo de madeira roda feito pião no mesmo lugar

escravo d’um movimento que o traga; seu vício.

Ele quer fugir...

                            ... Ele deve fugir...

... Ele não pode fugir...

               ... Ele não quer fugir.

Pernas presas por sua própria vontade alheia às dores

que sua linda jaula sem grades provoca-lhe.

A ideia de fugir dali arranca-lhe os cascos a sangue frio,

e o ficar dilacera o seu peito de cavalo encantado pela melodia do Carrossel.

Por sua alma de madeira faltam-lhe as lágrimas;

vida que aos olhos dos outros está morta.

E toda a gente ignora que o calado cavalo que roda

calado sofre.




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