terça-feira, 22 de julho de 2014

Um Mundo de Absurdos


Por um instinto primitivo e sem muito pensar na crueldade do ato, tal lançar pedra de atiradeira a derrubar passarinho, um bando de um exército um tanto incerto e meio sem eira nem beira, desorganizado e equivocado, derrubou um avião. Claro é que já sabíamos que misseis podem derrubar aviões e que podemos considerar quase todo exército como algo por princípio equivocado. Contudo, nessa semana, descobrimos, sem ter compreendido completamente o ato em si, que não se precisa de muita coisa para realizar tal absurdo. Derrubar um avião é coisa fácil de fazer hoje em dia, banal. Algo que se faz porque deu na telha fazer.

Como puderam derrubar um avião? Como puderam assassinar tanta gente inocente como quem mata passarinho a voar: cruel e irresponsavelmente? E estamos todos indignados sem saber muito bem contra quem devemos dirigir a nossa indignação: russos, pró-russos, ucranianos. E a verdade é que a raça nada importa, porque a pergunta que martela na cabeça é aquela que grita: meu Deus, que tipo de gente é essa que por equivoco, descaso e falta de capacidade para pensar direito mata quase 300 pessoas inocentes numa piscada de pestanas? Isso é um absurdo descomunal e, jamais, mas nunca mesmo, deveria ter acontecido.

Apesar de este ato ter sido, assim, abominável e de sabermos que aquela é uma região em guerra, mais absurdo ainda é assistir ao massacre diário de palestinos presos feito ratos numa armadilha de onde não se pode fugir. E a pergunta que martela dentro do crânio é aquela que cheia de estranheza interpela: desde quando Israel ganhou o direito de matar indiscriminada e covardemente a toda uma gente sem ser classificada como uma nação tirânica e assassina? Não há ninguém para defender os palestinos? Onde estão as sanções contra Israel? Por que palestinos podem ser mortos às centenas como se pertencessem a uma classe inferior de gente? Que guerra justa é essa onde um lado tem canhões, aviões, escudos contra mísseis e bombas atômicas enquanto o outro lado tem, como suas armas mais poderosas, tuneis sob a terra, bombas atadas ao corpo e misseis que não vão a lugar algum?

Sei que há a tal argumentação de que Israel precisa acabar com o Hamas, os terríveis terroristas explosivos. Contudo não imagino que alguém aceitaria a ideia de os espanhóis terem, algum dia, bombardeado o país Basco para acabar com o ETA lá nos anos 80 e 90? Quem acharia certo que para acabarem com o IRA os ingleses tivessem exterminado todos os irlandeses da face da terra? Pois é isso que Israel procura fazer, não é? Roubando as terras palestinas pouco a pouco e usando sua força bélica para assassinar a qualquer um que habite o lado de lá do muro, Israel vai paulatinamente acabando com a Palestina e decreta, feito um Deus, que aquele povo não tem o direito de existir.

Em tempos nos quais crianças caminham mudas e apavoradas pelas ruas de sua cidade e olham aos céus aterrorizadas pela ideia de que possa haver drones armados a pairar, feito anjos da morte, por sobre suas cabeças, fica muito difícil acabar o dia sem chorar; sem gritar. Para onde avança a nossa humanidade se o mal anda a justificar o mal maior ainda? De que serve um mundo onde a vida não ter nenhum valor? Como dormir tranquilamente num mundo onde corpos de crianças, de mulheres e de homens comuns, são estilhaçados por um pedaço de terra diariamente? Que mundo absurdo é este?





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