domingo, 8 de março de 2015

Nada de florzinhas



Hoje é dia da Mulher, e agradeço por ser um domingo, pois assim diminui exponencialmente a quantidade de bobagens que tenho que ouvir sobre este dia; sejam elas os cumprimentos por um Feliz Dia da Mulher ou as piadinhas machistas de sempre. Apesar de ser óbvio que não há mal algum em desejar um feliz dia para qualquer um que seja e, nem tanto mal assim nas piadinhas, (afinal o humor e o sarcasmo fazem parte de quem somos e podermos rir de nós mesmos é mesmo prazeroso numa catarse um tantinho masoquista), este não é um dia para florzinhas e reduzi-lo a isso, a pintarmos o mundo de rosa, é a banalização de um problema que, apesar de estar melhor do que há um bocado de anos, ainda está distante da completa solução. A situação da mulher nas sociedades mundo afora ainda não é igual a dos homens.

Longe de esperar e querer que homens e mulheres sejam iguais em tudo, porque acho mesmos que as diferenças são coisa bonita de se ver e sentir, eu queria apenas que tais diferenças servissem apenas para aquilo que elas devem servir: para trazer mais graça e vida à nossa existência. Portanto, e aproveitando que estamos a celebrar os 50 anos da célebre marcha de Selma a Montgomery nos EUA, um momento importante na luta pelos direitos civis no mundo, vale lembrar que existe o tal Dia das Mulheres como existe o Dia da Consciência Negra e o Dia do Orgulho Gay, entre tantos, para nos lembrarmos que muitas e muitas vezes a cada dia os direitos civis destas pessoas são desrespeitados ou, simplesmente, negados.

Estes, então, não são dias para festas, apesar de elas existirem em abundância, mas sim dias para lembrarmos que o gênero humano é, e será sempre, um só apesar das diferenças que nele existem. Mulheres não são melhores do que ninguém, homens negros não são melhores do que ninguém, homossexuais não são melhores do que ninguém; homens brancos não são melhores do que ninguém.

O Dia da Mulher foi criado no início do século 20 para marcar a luta das mulheres pelo direito ao voto e por condições iguais de trabalho, para mostrar ao Mundo que deveríamos ter os mesmos direitos civis que aos homens eram dados. Hoje, quase 100 anos depois, o mundo é muito diferente daquele e as condições de vida de todos nós, incluindo as das mulheres, mudou radicalmente. Entretanto, ainda hoje, nos assombram as mutilações genitais, as surras e os assassinatos, os salários mais baixos, a escravidão e o comércio ilegal de mulheres, a constatação de que ainda hoje, cem anos depois, há direitos civis que ainda não conquistamos.


Por isso tudo desejo a todos, homens e mulheres, um dia para refletirmos sobre os direitos e os deveres de cada um de nós e sem nada de florzinhas.

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