terça-feira, 3 de novembro de 2015

Últimos



Últimos

O último dia acontece como se nada fosse,
sem avisos,
e como um outro dia qualquer.
Tão trivial como qualquer outro, disfarçado em dia comum,
convida-nos ao engano de achar que ainda temos tempo;
que ainda nos sobra muito tempo.
As últimas horas acontecem como se nada fossem,
silenciosas.
Sem sinais claros de que já não haverá dias ou noites a velar,
fazemos planos tolos para os próximos meses,
para esta semana,
para a tarde que mal começara.
Horas pardas passadas como tantas horas às quais não damos atenção
e que fluem como brisa,
livres
ligeiras
profanas.
Os últimos minutos chegam e não os notamos. Eu não
percebi;
e apenas agora compreendo o quanto ainda não vejo.
Faltou-me a calma e a delicadeza
dos que reconhecem mais claramente o escorrer do tempo
por entre os dedos.
E os últimos minutos passaram despercebidos e velozes para serem lembrados,
por mim,
por todos os anos. Pela vida inteira.

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