sexta-feira, 27 de novembro de 2015

O Poeta


O Poeta

O poeta de pernas bambas samba, desengonçado,
no meio da praça com seus pés desobedientes;
donos de si.
Sem saber o que fazer com seus poemas e com suas palavras
depois de partido o peito.
O poeta subiu as ladeiras para tentar encontrar qualquer resposta;
mesmo as não verdadeiras, no fundo dos copos, no meio das conversas
dos amigos, em braços, bocas e pernas alheias.
Pobre poeta afogou-se, desapercebidamente e por vontade própria, em seus próprios
sentimentos criativos e inspiradores até,
contraditoriamente,
ver-se secar por dentro. Nada mais sai dele; há nele.
Sem poemas, sem versos, sem palavras ou letras,
sem sonhos e paixões infinitas, o poeta errante deixou suas mãos de lado,
calou-as com um soco, de um susto. Pois, depois de tão grande e profunda crença,
viu minguar sua alma de poeta e todas as flores que o acompanharam pelo
caminho.
Mudo, ele segue esquecido de si próprio no meio da praça
a deixar de ser quem ele verdadeiramente é; a esquecer-se.
Deixando-se levar por seus pés que nada sentem ou sabem dizer
no seu parvo balé
solo.

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