segunda-feira, 16 de maio de 2016

O Tempo


O Tempo

O tempo dobrou-se sobre minhas coxas,
fita colorida sem fim; chita
de flores miúdas e fundo azul celestial,
plácido e delicado como se nada fosse.
E ali ficou ele tranquilo, gato adormecido,
numa tarde lenta de verão cujo fim não diviso.
Com seus primeiros anos escondidos,
tão antigos e roídos pelas traças de minhas memórias,
mesmo imóvel ele foge de mim.
Não sei mais como contar suas estórias com o passar dos dias,
dos meses,
dos anos.
Pousado em camadas suaves e onduladas,
segue dormindo o tempo passado,
esquecido,
tão cheio de curvas múltiplas e tramadas que se tornam indivisíveis;
invisíveis,
impossíveis para mim
os momentos mais caros.
Os momentos mais raros,
onde você ainda mora,
hoje repousam perdidos em meio aos tantos outros minutos passados
e esquecidos pela falta de qualquer sentido.
Repousa, sobre minhas coxas, o tempo
em seu sono infinito.



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