quinta-feira, 13 de outubro de 2016

O Pedido




O Pedido


Gosto de viajar durante o mês de setembro para estar n’algum lugar nunca dantes visto por meus olhos no dia de meu nascimento. Marcando, assim, esta data na minha memória para que eu me lembre dos porquês vale a pena estar viva. Estar perdida neste mundo gigante em ruas que desconheço e de mapa em mãos a ver que me faltarão anos e olhos para toda a novidade que o Mundo nos reserva, mesmo que vivamos uma centena de anos, alegra-me a alma. Quero, por toda a vida, levar comigo esta boa sensação que é ver algo pela primeira vez e ter a certeza de que nunca vi nada tão impressionante antes.

Desta vez foram escolhidas as Cataratas de Foz do Iguaçu. Um mundo de água que chega mansamente, como quem não quer nada, pelo Rio Paraná e que se joga paredão abaixo num fluir radical e imensurável quando visto de perto. Tamanha força e energia não podem ser medidas, e me parecem uma gigantesca amostra divina do quão pequenos somos nós. Não há registro (foto, filme ou palavras) que possa fazer jus ao que se sente estando ali, de cara com as tais cataratas. As águas de Iguaçu são estonteantes; uma bela e monumental amostra da natureza.

Tudo isso dito, devo dizer que apesar de tanta beleza o que mais me comoveu não foi a paisagem de tirar o fôlego. Muito ao revés, o que me toucou mais profundamente foi um gesto pueril e pequeno de um menino por volta de seus vinte e tantos anos. De um repente, depois de um voo sobre o tal exagero da natureza, ajoelhou-se o rapaz de anel cintilante nas mãos diante da mulher de sua vida. Ela emocionada e bonita parecia não compreender direito o que estava a acontecer e, feliz, chorava. Ele, nervoso e com os olhos fitando os olhos da menina, fez o pedido que naquele instante mudava definitivamente as suas vidas. Linda cena de cinema...


Eu, que choro até em filme que já vi e revi inúmeras vezes, saí rapidamente da cena para não dar vexame e chorar com a tal menina. Foi a primeira vez que vi, de verdade, em carne e osso, um pedido de casamento simples, belo e romântico como aquele. Senti uma enorme alegria por ver que estas coisas ainda acontecem em nossos dias e que as pessoas são ainda capazes de demonstrar seus sentimentos sem medo. Hoje, dias depois do tal pedido, ainda sorrio e me emociono quanto me lembro da cena digna de cinema. E este, sem sombra de dúvida, será um aniversário lembrado por mim por toda a vida.

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