domingo, 20 de novembro de 2016

Amanhã



Amanhã


Amanhã, 21 de novembro, minha mãe faria 75 anos. Pois, o mundo dá voltas e nas voltas que ele dá nos enreda para todo o sempre com seus causos e estórias e nos leva por caminhos que não pensávamos trilhar. Lembrei-me, nesta semana, de que dizia a minha mãe que seria muito divertido quando nós duas fossemos duas senhoras. Eu com meus 70 anos e ela já uma senhora maluquinha e centenária. Seria muito bom e eu esperava por isso. Esperava ainda por muito mais, mas, de um repente, a vida rodou feito pião, à la Chico Buarque de Holanda, e mudou. C’est la vie.

Sinto saudades de minha mãe; muitas saudades. Saudades das coisas pequenas e cotidianas às quais nunca damos o devido valor. Saudades de poder pegar o telefone e ouvi-la desde longe. Saudades das suas risadas plenas e sem restrições. Saudades do seu colo e do bolinho de batata que ela fazia. Nunca imaginei em toda a minha vida que eu não teria mais os bolinhos de batata de minha mãe. Nunca prestei muita atenção na receita que não existia em livro algum e que ela sabia porque sabia e ponto final. E apesar de tê-la ajudado muitas e muitas vezes a fazê-los, não os consigo reproduzir. Falta na receita um produto que não existe mais na Terra inteira; faltam as mãos da minha Mima.

Às vezes, como em dias como estes, as saudades apertam mais e dão um nó apertado na garganta e os olhos choram. Contudo, na maioria dos dias, as lembranças e as saudades são bonitas, divertidas, morninhas e boas - feito café com leite de manhã. Gosto muito de todas as boas e bobas lembranças da Mima e as carrego comigo, e já não me recordo mais se algum dia houve qualquer tristeza e mágoa entre nós duas. Penso que não. Porém, como me disse minha amiga Kaká sobre as lembranças de seu pai: “com o tempo ficam apenas as boas lembranças, os momentos bonitos e felizes. Com o tempo, as mágoas desaparecem.” Pois, pode ser que eu já esteja a me enganar, não faz mal. Faz bem; faz-me bem.


Pena não haver aplicativo tipo Whatsapp e/ou qualquer outro canal de comunicação lá com o Céu. Pena mesmo, porque é muito estranho não poder dizer nada a sua mãe no dia do aniversário dela. Aliás, essa é uma falha gigantesca no projeto divino a meu ver; com todo respeito que a Ele devo. Porém, e mesmo assim, cá está tudo o que eu queria poder dizer a Mima amanhã. Queria dizer que a amo muito, que sinto saudades e que ela está a ficar uma velhinha bué abusada. Queria enviar beijos e beijos e beijos e abraços apertados e longos. Queria poder dizer, Feliz Aniversário Mima, te amo!

Um comentário: