domingo, 4 de dezembro de 2016

Um Absurdo


Um Absurdo

Há uma semana escrevia sobre a vitória do Palmeiras sobre a Chapecoense depois de assistir ao jogo que definiu o campeão do Brasileirão deste ano. De um lado meus adversários de toda a vida, do outro um time pequeno e que ganhara a simpatia de todo brasileiro, que gosta de futebol, por sua história e pela garra que apresentava desde sua ascensão à primeira divisão do futebol brasileiro.

A Chape era, e ainda é, como um irmão menor, o caçula brioso do nosso campeonato e me agrada demais da conta, como a toda a gente,  vê-la vencer e superar aos grandes do futebol. (Menos ao meu Corinthians, claro!) Foi inenarrável ver o guarda-meta Danilo a defender quatro pênaltis no jogo contra o Independiente da Argentina meses atrás na Copa Sul-Americana. Amei ver a fumacinha verde de “Habemus Finalista” a marcar a passagem da Chapecoense para a final do campeonato, deixando o São Lourenço, time do Papa para trás.

E no domingo, dia sagrado e sacramentado ao futebol, eu me programava para ver a peleja da quarta-feira seguinte enquanto assistia a uma divertida participação do treinador da Chapecoense, Caio Júnior, na TV. Torceria pela Chape, (claro2), pois queria muito ver algo inédito no mundo da bola: a Chape campeã de um torneio importante e classificada para a Libertadores em 2017. Afinal, como não se apaixonar por nosso Leicester tropical? Últimos jogos do ano no Brasil, a semana prometia ser cheia e decisiva para muitos times e a abstinência posterior de um mês sem jogos já começava a me chatear.

Então, chegou a inacreditável manhã da última terça e o coração parou assustado por alguns segundos. Como assim? Como podiam todos aqueles meninos que eu vi correndo atrás da bola menos de 48 horas antes, e muitos outros, estarem mortos? Isso não estava certo, não era justo. Não podia ser verdade. Era surreal demais e, portanto, não podia ser real. Era absurdo demais para ser verdade, mas era. E deu-me aquela vontade que me dá diante das tragédias: queria que o tempo pudesse voltar para trás.

Muitas coisas aconteceram nesta semana. Algumas delas muito mais importantes para o país e seus cidadãos do que o futebol. Eu sei. Sei que os nossos queridos canalhas de plantão em Brasília não respeitam vivos e mortos e andaram a fazer das suas na calada da noite. Gente de pouco caráter e nenhum coração. Contudo e mesmo assim, falar de futebol ainda me pareceu muito mais importante. Falar de meninos comuns e que gostavam de correr atrás de uma bola e que tiveram um destino cruel apenas pela irresponsabilidade e a ganância de homens me parece muito mais importante.

Agora, cá dentro, fica um vazio estranho e um punhado de dúvidas que espero sejam respondidas. Por que uma empresa de viação aérea tão mal estruturada era indicada pela Conmebol aos times sul-americanos? Que grande influência era essa junto a Confederação Sul-Americana de futebol?

Nenhum comentário:

Postar um comentário