terça-feira, 27 de junho de 2017

Dois



Dois

Somos dois,

um par que rima, nascidos para o bolero dramático,

descompassado.

Um para cá,                                                                                      o outro

                                       para lá.

Peça de teatro com menos de um ato:

a puta e o preto,

belo amor inesquecível que não terá fim, pois nunca teve

seu começo.

Ode a nossa corajosa covardia!

Boca seca, sem saliva, imóvel grita as palavras que antes

igualmente

não foram ditas. Meus silêncios,

                                                                                                teus silêncios.

Minha loucura e a tua prudência tão bela, santa e poética

dizem mais sobre nós do que toda a prosa e a poesia que sorrateiras

escaparam da tua boca, que sem rumo

escorregaram pelos meus dedos.

Todos os nossos dias somados formam a enormidade de um segundo;

o infinito ínfimo.

Dois.

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