Dois
Somos dois, 
um par que rima, nascidos para o bolero dramático,
descompassado.
Um para cá,                                                                                      o
outro
                                       para lá.
Peça de teatro com menos de um ato:
a puta e o preto,
belo amor inesquecível que não terá fim, pois nunca teve
seu começo.
Ode a nossa corajosa covardia!
Boca seca, sem saliva, imóvel grita as palavras que antes
igualmente
não foram ditas. Meus silêncios, 
                                                                                                teus silêncios.
Minha loucura e a tua prudência tão bela, santa e poética
dizem mais sobre nós do que toda a prosa e a poesia que sorrateiras
escaparam da tua boca, que sem rumo
escorregaram pelos meus dedos.
Todos os nossos dias somados formam a enormidade de um
segundo;
o infinito ínfimo.
Dois.

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