terça-feira, 18 de julho de 2017

Meu Poeta




Meu Poeta


Queria ser Neruda para o mais belo poema escrever-te.

Se o poeta eu fosse, saberia falar de conchas e do mar,

de caracóis multicoloridos e de todas as mariposas que dançam no ar.

Não sou Neruda, nem poeta,

nem homem.

E para o amor mais profundo faltam-me as palavras corretas,

as mais sonoras e belas.

Falta-me saber falar.

Podia ser Pessoa e pelo menos saber como fingir que por ti nada sinto;

e que minhas palavras tem outros destinos.

Se o Fernando eu fosse, saber que teus olhos pelas minhas letras passeiam

pouco, ou nada, me importaria. E para ti não escreveria tantas tolas linhas

posto que eu teria compreendido  há muito que

todas as cartas de amor são ridículas;

e mais que todas o são as minhas.

Falta-me poder falar.

Podia ser o meu primeiro Carlos, o Drummond, e reconhecer que é vasto

o mundo e que há tanto para eu ver.

Tantas pernas, tantos homens, e pouco tempo para dar qualquer vazão ao meu

tímido querer.

Não sou nenhum dos meus Carlos, e vivo perdida na minha teimosia de crer

que melhor que todos, são raros e caros,

bens sagrados,

os meus sentimentos que são seus. Esse amor sem porquês.

Míope, falta-me ver.

Não sou poeta, nem sábia

e só o que sei é que não sei deixar de te querer

muito bem.

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