quinta-feira, 17 de agosto de 2017

30 anos...



30 


São 30 anos sem o meu segundo Carlos.
O primeiro foi Carlitos, o homem que em silêncio
tanto me contou com a poesia que ele escrevia; poemas sem palavras.
O segundo, meu primeiro poeta de veras, foi homem mineiro;
quieto,
        calado.
Poeta que eu colecionei em recortes de jornal,
a construir as capas dos cadernos do colégio junto a bailarinas,
às borboletas e a pedaços de notícias.
Minha realidade misturava-se com poesia num tempo
em que eu ainda me preocupava mais do que tudo com as baleias,
com nossos ensaios,
e esperava que, um dia, Nelson Mandela caminhasse uma vez mais pelas ruas
da terra que era sua.
Admiração de menina por um homem doce e tranquilo
que como o primeiro Carlos,
silenciosamente, com suas palavras escritas
muito me dizia.
Dizia-me tudo do princípio do
Meu mundo e seus Carlos múltiplos.


30 anos sem Carlos Drummond de Andrade








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