terça-feira, 15 de março de 2011

Cores

Preto e Branca
Nós somos um filme mudo,
obra de Chaplin tola e profunda,
alegria tristonha de meio sorriso,
de risos pelo meio.
Únicos.
Fita onde no final não se ri.
Obra de uma ficção real e
absurda.
 Uma Ode a tudo que ao mundo concreto
e material incomoda.
Contradição que há no ser sem existir:
loucura,
liberdade,
paixão e fúria.
Filme em preto-e- branca.

 azul
 
hoje havia um céu azul como não vi por dias
céu azul de meninos rindo
 a escorregar por  cordilheiras de nuvens brancas
e navegantes como eu.
Montanhas prontas para partir ao desterro
 assim que o vento surgir trazendo a voz d’olhos
melancólicos
que vem do norte pelo mar das caravelas
em travessia atlântica.
voz
de sotaque metálico e rápido.
hoje vi o céu azul com olhos de primavera
a mirar o outono que te deixa
 e me espera,
enquanto gira a terra que carrega pensamentos 
cheios de crenças
 e ventos.

laranja
Vamos caminhar pelas montanhas
Descer até as savanas
Ver passar girafas
Donas de toda a graça
Num mundo laranja e amarelo
Quente e sem dor
O sol vermelho no oriente
Não é mais quente que este calor
Vamos de mãos dadas
Sem pressa
Sob o céu mais azul
Que já vi em teus olhos

branco
O silêncio e o tempo queimam e devoram todos os sentimentos,
como  relógio que marca o tempo perdido.
Lentamente,
você está a morrer dentro de mim,
tão alheio ao meu querer. Irá perder-me
inevitavelmente: sem choro, sem dano
e sem importância pra ti. Deixarei de existir.
O silêncio incolor
diz-me o que só eu não entendo:
não há nada para ser visto aqui, falta-te a cor  e o ar para mim.
Eu sei que nem todo o meu desejo
de tê-lo, nem toda certeza teimosa que persiste em mim
serão capazes de colorir nossas páginas
em branco.

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