sábado, 2 de maio de 2015

Quinze



Quinze

Não me lembro da data exata. Lembro-me apenas da sensação acolhedora, dos sentimentos presentes naquele momento; de um abraço terno e longo, cheio de carinho, vindo de um menino que mal caminhava direito. Não me lembro o porquê de eu precisar tanto assim de um abraço naquele dia, e a verdade é que eu não sabia, e não esperava, que de um menino tão pequeno pudesse vir um abraço daqueles.

Contudo, sei que foi exatamente naquele momento que eu me apaixonei pelo Lucas há quase quinze anos atrás. Se pesa ou não o fato dele ser filho de um velho e bom amigo, eu não sei. Sei apenas que naquele dia algo aconteceu entre nós dois e que um sentimento único, forte e incondicional surgiu em mim para nunca mais me abandonar.

Do dia do abraço em diante, Lucas é meu menino, um presente dado por Deus; alguém que tem me proporcionado e ensinado muitas coisas nessa vida. Ele me ensinou que para amar alguém incondicionalmente nada é preciso; nem mesmo uma gotinha de sangue em comum faz qualquer falta. Ensinou-me um pouco do que é ser mãe, e a trocar o sono pesado por aquele no qual velamos a alguém mesmo dormindo. Ensinou-me a me preocupar mais com o outro do que comigo; a saber, por intuição, se o outro sente fome ou frio. Ensinou-me a trocar qualquer homem crescido por um par de horas a brincar na praia com alguém que pesava poucos quilos.

Os anos passaram e hoje aprendo com Lucas um pouco mais do que é para um menino tornar-se um homem, pois, diante dos meus olhos muda o seu corpo bem como os seus interesses todo santo dia. Hoje ele é muito maior do que eu e já não precisa tanto assim de mim. Isso é bom, e ao mesmo tempo, tão ruim. Ruim porque sinto falta do menino que vivia agarrado a mim feito macaco, e tão bom porque me orgulho de vê-lo cada vez mais dono de si. E é isso que eu mais desejo a ele: que ele seja independente e feliz.

Sei que ainda temos algum tempo antes do homem tomar definitivamente o lugar do meu menino. Ainda há tempo para as perguntas inesperadas e as broncas diárias, para as brincadeiras e as palhaçadas fora de hora, para os dias de estudo para as provas, para as conversas sobre as meninas... Ah, as meninas! (Sorriso) Sei que ainda temos as nossas idas ao cinema só para nós dois; a nossa pipoca.

E mais que tudo, eu sei que, apesar do tempo, para mim, por trás do homem que vem por aí, sempre haverá o meu menino. Aquele mesmo menino pelo qual eu me apaixonei no meio de um abraço numa tarde que eu jamais esquecerei.


Feliz Aniversário, meu menino! Amo-te sempre e para sempre.


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