domingo, 24 de julho de 2016

O Mundo de marcha à ré



O Mundo de marcha à ré

Hoje li que Donald Trump é a nova face dos republicanos americanos. Pobres republicanos, pode-se pensar. Afinal ter Donald Trump como seu representante oficial, ou mesmo extraoficialmente, é no mínimo uma grande vergonha. Contudo, não apenas muitos e muitos republicanos têm pesadelos nos quais o Sr.Trump figura como o próximo presidente dos EUA, mas também todo ser humano com um mínimo de compreensão da importância deste cargo; do que vem a ser o presidente dos Estados Unidos. Sim, Mr. Trump no comando de um país com o poderio bélico que têm os EUA nos dá calafrios n’alma. Pobre de nós!

O fato é que o que antes parecia ser uma piada tola: ter um completo falastrão ignorante, preconceituoso e com rasgos ditatoriais no comando de uma das maiores potências em nosso mundo, torna-se uma piada de muito mau-gosto ao passo que ela ganha, a passos galopantes, reais chances de tornar-se o nosso futuro. E de um repente absurdo George Bush filho, tão pouco bem quisto no mundo enquanto governava a nação dona das Américas, ganha contornos de presidente dos sonhos, quase um Abraham Lincoln moderno quando o colocamos ao lado do Sr. Trump. Como chegamos aqui? Como chegamos a uma situação onde a Grã Bretanha sai da comunidade Europeia, onde muros são construídos para separar países, onde Putin reina na Rússia e a laicidade do governo da Turquia se desfaz, onde Donald Trump tem chances de tornar-se o próximo presidente dos EUA?

Em 1989 eu vivia a minha adolescência e vi extasiada a queda do Muro de Berlim. O Mundo se expandia, fronteiras eram abertas, o mundo começava a se conectar mais velozmente e o futuro parecia muito promissor. A ciência e a tecnologia avançavam velozmente e uma nova era das luzes parecia aproximar-se. A democracia havia voltado ao meu país e à América Latina em geral, Mikhail Gorbachev trazia a Glasnost e a Perestroika à Rússia, os Protestos na Praça da Paz Celestial foram vistos ao redor do mundo e a China começava a abrir-se para todos nós. Em 11 de fevereiro de 1990 Nelson Mandela era libertado e eu estava certa de que a humanidade caminhava a passos largos na direção correta.


Pois, estamos em marcha à ré feroz quase 30 anos depois. E mesmo sabendo que a menina que eu era em 1989 tinha ainda muita fé na humanidade e, portanto, era ainda muito inocente, tola mesmo; ainda hoje não consigo atinar em como chegamos a este ponto tão ruim de nossa História. Como perdemos a chance de fazer a vida melhor para todos nós? Por que ao revés disso criamos um mundo onde os privilégios para poucos e as injustiças para muitos cresceram e crescem? Por que continuamos a vender o que temos de mais caro, a nós mesmos e aos nossos, por dinheiro?


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