segunda-feira, 26 de março de 2018

A colcha nova



A colcha nova



Cheguei à casa de meu pai.

Casa que já foi nossa, de uma família inteira.

E passou a ser a casa dos meus pais com o passar do tempo.

Todo mundo cresce; meu irmão e eu somos uma parte

ínfima deste mundo todo e, sendo assim,  também crescemos.

Com o tempo eu fui para muito longe porque destino de andorinha é voar e

meu irmão multiplicou-se. Ele virou três, e hoje, mais do que homem,

 é pai.

Agora, a casa que foi de vários se tornou a casa de um homem só.

Não solitário, e por isso meu pai está por aí a conhecer o mundo cheio de companhia.

Cheguei à casa de meu pai e ele não está.

Porém, para a recepção de minha chegada,

delicada

quieta e encantadora,

repousava na cama uma nova colcha de flores miúdas.

Flores bordadas e coloridas. Lindas.

E mesmo de longe, sem necessidade de palavra alguma,

meu pai declarou todo o seu amor.

A colcha nova me fez sorrir,

com o delicado cuidado de um amor  que, apesar de todos os anos passados,

ainda é cultivado.



Ao meu pai que, em silêncio, sempre foi profundamente apaixonado por nós.

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