quinta-feira, 22 de março de 2018

O Medo Maior




O Medo Maior

Entre todas as coisas que não deveriam acontecer neste mundo se, além de muito bonito, ele fosse também justo, penso que as crianças não deveriam sofrer em tempo algum.  Eu, se tivesse um poder do tipo que abre mares ou decide destinos, escolheria proibir terminantemente que qualquer criança sofresse. E não importaria o sofrimento: nada de guerra perto dos miúdos, nada de adultos perturbados e que não as protegem, nada de doenças sérias. Nadica de nada de mal aconteceria a todas as crianças; simples assim.

Se o mundo assim fosse, o tamanho da paz que nós sentiríamos seria de uma enormidade obscena. Saber que nenhum mal alcançaria aos nossos pequenos seria mais do que bom; seria divino! Para mim seria o final do meu medo maior, do fato que concretamente me aterroriza mais do que tudo nesta vida e que me traz um nó cego à garganta. O sofrimento dos meus miúdos me destrói. Aliás, e sendo honesta, apenas a ideia dele já causa um estrago considerável em mim.

Por estes dias um dos meus miúdos adoeceu. Algo um tanto sério e que requereu uma pequena cirurgia para a correção do tal problema. Cirurgia um tanto simples, de fato. Contudo, o fato é que me apavorei. De um repente que não me é muito comum, senti-me como uma banana mole, um ser aparvalhado. A testa franziu e assim quedou-se por dias, a cabeça deixou de pensar, o coração sentiu-se ferido. Tudo isso porque um buraquinho seria aberto no abdome do meu Dieguito; e eu, egoistamente, não quero que buraquinho algum seja feito em qualquer dos meus miúdos. Jamais!

O pequeno está bem, e o meu medo sem fundamento quase desapareceu por completo.  Quase... Porém, esta coisa toda, tão simples no final, me fez perceber o quanto amo aos filhotes do coração. Sobre o amor desta vida, costumo dizer que ele é um pedaço de mim que “anda”, independente, por aí. Sobre as minhas crianças compreendo e sinto que sou um pedaço delas, e que não há qualquer independência possível aqui. Dos meus miúdos sou, completamente, dependente.

Aos amores desta vida.

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