segunda-feira, 21 de setembro de 2015

O Gosto pelas Palavras




O Gosto pelas Palavras

Gosto muito de escrever por alguns motivos. Porque através da escrita faço uma auto-análise sem grandes custos e a qualquer hora e desta forma descubro mais claramente quem sou. Porque muitas vezes escrever é mais fácil do que dizer já que no dizer há um sem jeito que me cala. Parece que as palavras certas vêm sempre e apenas assim, em silêncio, ditas apenas dentro da minha cabeça. Lá elas nascem e fluem, feito água, pelos dedos sem que nada nunca as atrapalhe; sem medos ou censura. Sem que a língua se mova e me atrapalhe.

Entretanto, mais do que tudo, sou apaixonada pelas palavras que para mim têm vida própria e, portanto, merecem um corpo. Elas merecem ser escritas.  As palavras têm cor, forma, peso, cheiro e gosto específico e apenas quando são gravadas para sempre no papel, (ou mesmo neste mundo digital que existe sem que possamos realmente tocá-lo), podemos vê-las em toda a sua beleza. São lindas as palavras e, talvez, esta seja a questão para mim. Sou encantada por elas, enamorada mesmo, e as palavras me emocionam como nada mais neste mundo.

Por algum motivo nas palavras vive a minha alma como se elas fossem a minha verdadeira casa. Falta-me o talento, eu sei, porém isso não chega a importar já que não há pretensões para além do livre exercício de expressar-me. Não penso em livros nem na obrigatoriedade de escrever, elas não foram feitas para mim para ganhar a vida. Não. Elas são, muito ao revés de qualquer obrigação, o maior prazer que tenho e conheço; meu recanto encantado, um mundo fantástico onde o tempo e o espaço são ignorados. Escrever é, mais do que qualquer coisa, um desejo que parece ter vida própria e que sai muitas vezes, como agora, sem pedir licença.

É fato que ando meio assim-assim, sem qualquer inspiração e, apesar de querer escrever mais, ando a escrever menos. Escrevo menos desde que descobri que minha mãe estava doente, menos ainda depois que desisti completamente do amor desta vida. Meu amor feito de música e palavras foi o amor mais belo e poético que conheci. Contudo, também acho que é fato que não vou parar de escrever, apesar do meu passo de formiga dos últimos meses; deste ano todo. A vida continua diferente do que era antes, verdade, mas nem por isso menos interessante. Ainda há muito tempo para sentir o gosto que me dá o gosto das palavras, minha paixão sem fim.

Blá blá blá, canção mais linda feita sobre as palavras ditas e escritas.




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